Categoria cobrou prioridade nas questões relacionadas à integridade física e à vida de bancários e clientes. Bancos recusam e negociação não avança.
Bancos queriam que bancários apoiassem a retirada de sistemas de segurança e vigilantes, bancários se recusaram e propuseram a criação de um GT para debater o tema; bancos se negaram a continuar o debate.
A segurança bancária foi tema da mesa de negociação realizada nesta quinta-feira (28) entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). “Trata-se de um tema fundamental para a categoria bancária, pois está relacionado à vida e à integridade física, tanto dos trabalhadores do ramo financeiro como também dos clientes”, destaca Reginaldo Breda, secretário geral da Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Uma pesquisa realizada em 2020 pelo movimento sindical em parceria com a Confederação dos Trabalhadores em Segurança Privada (Contrasp) e a Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) apontou 839 ataques no setor, entre eles, 321 explosões ou arrombamentos de caixas eletrônicos, 439 assaltos ou tentativas, 34 ataques a carros-fortes e 45 saidinhas bancárias, além de 40 assaltos a correspondentes e outros 86 a agências dos Correios ou lotéricas. No total foram seis mortes no ano.
Durante a negociação o movimento sindical propôs a criação de um Grupo de Trabalho (GT) específico para discutir a questão e elaborar uma nova redação para as cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria que tratam sobre segurança bancária.
A Fenaban recusou a proposta de criação do GT e disse que está aberta a debater o tema até o final de agosto e, caso contrário, assumirá a responsabilidade por tocar a pauta de acordo com seus interesses.
Portas de segurança
Ao longo dos anos, a luta do movimento sindical possibilitou avanço na mesa bipartite de segurança bancária com a instalação das portas de segurança, grande conquista para a categoria. Durante a pandemia, os bancos investiram na implantação de lojas de negócios, em substituição às agências. A adaptação retirou as portas giratórias e os vigilantes. Apesar da reação dos trabalhadores contra a medida e da presença de caixas eletrônicos nesses locais, os bancos alegam não existir trânsito de numerário nessas unidades para manter a decisão.
“Para nós do movimento sindical, a vida do bancário é mais importante do que o lucro das agências e locais de atendimento. O custo com a segurança não é responsabilidade dos Bancários. O que temos visto são locais de trabalho de riscos que necessitam urgente de uma intervenção e medidas de segurança rígidas. Não podemos ser negligentes quando o que está em jogo é a vida das pessoas”, destaca Reginaldo Breda.
Negociação não avança
A Fenaban alega que houve redução de 98,5% no número de assaltos a agências e postos bancários de 2000 a 2021 e propõe que a representação dos trabalhadores se juntem aos bancos e atuem contra as normas estaduais e municipais de segurança, que exijam aparatos de segurança além dos previstos na Lei 7.102/1983, que regulamenta a segurança bancária.
O movimento sindical argumentou que os casos reduziram justamente por causa dos sistemas de segurança, considerou a proposta da Fenaban inoportuna e enfatizou que a retirada de portas de segurança e de vigilantes das agências bancárias desrespeita legislações específicas de estados e municípios.
A próxima reunião de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban está marcada para segunda-feira (1º de agosto) para debater sobre saúde e condições de trabalho.