Cassi e BB terceirizam atendimento à saúde mental

Publicado por:Rogerio Novaes

Contrato com plataforma de atendimento psicológico on-line não teve consulta do movimento sindical e abre discussão sobre sigilo de dados

A parceria entre o Banco do Brasil, Cassi e a Vittude, desenvolvedora de ferramentas de inteligência artificial e atendimento psicológico on-line, preocupa as entidades sindicais e de defesa das trabalhadoras e trabalhadores do BB. A Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), sempre defendeu a ampliação da oferta de atendimento psicológico na Cassi, porém a decisão de terceirizar o atendimento, de modo on-line e, ainda, sem dialogar com o movimento sindical, deixou todos em alerta.

A parceria não foi apresentada e nem discutida com as equipes técnicas da Cassi, o que, segundo a CEBB, representa risco para a evolução do modelo baseado na Atenção Integral. Foi uma iniciativa do BB que, depois, envolveu a Cassi. Os dirigentes da Cassi acabaram se submetendo, mais uma vez, às decisões do banco, se viram obrigados a aceitar a contratação sem uma discussão ampla com os próprios associados.

Na divulgação da parceria, o BB e a Cassi afirmaram que o acordo com a Vittude faz parte do pilar Apoio Psicológico do Programa Saúde Mental, e “que está sendo bem recebido por todos os funcionários”. Entretanto a coordenação da CEBB contestou essa informação, uma vez que a contratação da Vittude foi realizada por debaixo dos panos, colocando em risco a proposta original do Programa Saúde Mental. A decisão de terceirizar um serviço que já existe na Cassi não foi dialogada com os associados. A CEE sempre cobrou a ampliação do atendimento psicológico nas mesas de negociação, mas com a interveniência da Cassi neste processo. E agora, questiona os riscos de arquivamento e compartilhamento de informações pessoais das trabalhadoras e dos trabalhadores, uma vez tratar-se de uma empresa terceirizada e que tem um contrato 100% pago pelo banco.

A CEBB também alerta para a séria questão dos dados, ao considerar que não houve discussão com as equipes técnicas da própria Cassi. E ainda que exista um termo de confidencialidade assinado pelas partes, (BB e a terceirizada), por si só, não garante a preservação das informações de saúde dos associados.

Programa Saúde Mental

O Programa Saúde Mental (PSM) da Cassi tem mais de 20 anos, evoluindo para trabalhar com Linhas de Cuidado, organizadas para atender aos problemas mais prevalentes entre os funcionários do Banco.

O PSM não nasceu por acaso, mas de uma necessidade cada vez maior de atender a demanda de trabalhadores e trabalhadoras do BB. Um estudo recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), revelou que, entre 2012 e 2017, os bancos foram responsáveis por 15% dos afastamentos por causas mentais entre todos os setores de atividade econômica. Quando se trata de depressão, a proporção no período aumentou para 16%. O levantamento apontou ainda que, de 2009 a 2013, houve uma elevação de 70,5% dos casos de Transtorno Metal entre os bancários, contra 19,4% nas demais categorias.

As CliniCassi estão equipadas com profissionais preparados para a condução das ações em Saúde, incluindo psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais, além de psiquiatras nas CliniCassi de maior porte. As ações de Saúde das CliniCassi são baseadas na Atenção Primária e contam com o suporte de parceiros especializados na rede de prestadores de serviços que atuam dando prosseguimento aos tratamentos do paciente.

Atualmente, no Plano Associados da Cassi existe a cobrança de coparticipação equivalente a 40% no valor das consultas. Nas mesas de negociação a CEBB tem solicitado, reiteradamente, que o banco arque integralmente com os custos dos atendimentos psicológicos em caso de adoecimento mental decorrente do trabalho.

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