Diante das graves denúncias de assédio sexual contra o presidente da Caixa, o Sindicato dos Bancários de Ribeirão Preto e Região, se une às demais entidades sindicais de todo país e pede a exoneração imediata de Pedro Guimarães do cargo.
As denúncias já vêm sendo investigadas desde o ano passado pelo Ministério Público Federal, sob sigilo, mas tornaram-se públicas na noite desta terça-feira 28, em reportagem do portal Metrópoles, e rapidamente repercutiram na mídia e no Congresso Nacional, onde a oposição exigiu o afastamento de Guimarães e até mesmo aliados do governo já dão a saída dele do cargo como certa.
Ao MPF, as vítimas relataram toques em partes íntimas, falas desrespeitosas, abordagens inapropriadas e convites inconvenientes por parte do chefe e presidente da instituição (leia alguns relatos abaixo). Os casos de assédio teriam ocorrido durante atividades do programa Caixa Mais Brasil, realizadas em várias cidades do país. Desde 2019, o programa acumula mais de 140 viagens, a maioria aos finais de semana, nas quais Pedro Guimarães e equipe ficavam hospedados no mesmo hotel, onde ocorria, segundo as trabalhadoras, o assédio sexual.
Desde que foi empossado por Bolsonaro, em 2019, os Sindicatos denunciam constantemente os abusos de Pedro Guimarães à frente de um banco público tão importante para o país. Agora, possíveis crimes de assédio sexual contra empregadas da Caixa se somam a seu vergonhoso currículo. Dirigentes sindicais, consideram ser um absurdo que ele ainda se mantenha no cargo. Os Sindicatos que, levantam há décadas a bandeira da igualdade de direitos e de oportunidades, da luta contra o machismo e a misoginia, exigem que as denúncias sejam apuradas com rigor e que Pedro Guimarães seja afastado imediatamente.
Para as entidades sindicais, é intolerável qualquer tipo de abuso moral, físico ou sexual em qualquer lugar, especialmente, no ambiente de trabalho. Todo e qualquer abuso gerado pela manipulação das relações de poder instituídas nas empresas é absolutamente inaceitável. A luta contra o assédio sexual e moral faz parte de uma política permanente do Sindicato.
Frente a gravidade da questão, a Contraf, que representa inúmeros sindicatos, informou que o caso já foi levado à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), para que o presidente da Caixa seja afastado e tudo seja investigado com muita rapidez e sem interferência, e também já está em contato com o Congresso Nacional,
O coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa, Clotário Cardoso, também informou que “será enviado um ofício ao Ministério da Economia pedindo negociações, para cobrar o afastamento de Pedro Guimarães, apuração independente do gravíssimo caso e toda a proteção às trabalhadoras.”
A deputada Érica Kokay (PT-DF), que já foi bancária da Caixa, se colocou à disposição das vítimas, informou que está solicitando à comissão de Mulheres do Congresso que atue no caso e que vai convocar o ministro da Economia, Paulo Guedes, para cobrar providências. Em sua página no Facebook, a deputada declarou “Guimarães é a cara de um governo machista e misógino. Que seja investigado e punido. Toda minha solidariedade às funcionárias!”
“Ele veio e enfiou o celular e o cartão no meu bolso e falou: ‘Eu vou botar aí na frente’. Na hora, não tive reação. Pensei: ‘Botar na frente? Fiquei meio assim…”
“Ele passou a mão em mim. Foi um absurdo. Ele apertou minha bunda. Literalmente isso.”
“Aí ele disse: me abraça direito, porra. E deu umas catracadas, e passou a mão em mim. Na hora de tirar a mão, passou a mão no meu peito.”
“Ele falou assim: ‘Vai lá, toma um banho e vem aqui depois para a gente conversar sobre sua carreira’. Não entendi. Na porta do quarto dele. Ele do lado de dentro (do quarto) e eu um metro para fora. Falei assim: ‘Depois a gente conversa, presidente’. Achei aquilo um absurdo. Não ia entrar no quarto dele. Fui para meu quarto e entrei em pânico.”
“Ele abriu a porta com um short, parecia que estava sem cueca. Não estava decente. A sensação que tinha era que estava sem (cueca). Muito ruim a sensação.”
“Ele me chamou para ir para sauna com ele. Perguntou: ‘Você gosta de sauna?’. Eu disse: ‘Presidente, eu não gosto’. Se eu tivesse respondido que gosto, ele daria prosseguimento à conversa. De que forma eu falo não? Então, eu tenho que falar que não gosto. É humilhante. Ele constrange.”
“Tenho pânico de ter que trabalhar com ele. Tenho medo da pessoa. Agora eu tento literalmente me esconder nas agendas.”
“Agora, quando viajo, coloco cadeira na porta do quarto. Fico com medo de alguém bater.”
“Hoje ainda trabalho nas agendas de vez em quando. Mas tento não ficar perto. Quando tenho que viajar, tenho crise de ansiedade.”