Fim da obrigatoriedade é uma tentativa de confundir a sociedade sobre o estado real da pandemia no Brasil
Os sindicatos e demais entidades que representam a categoria bancária são contrárias a liberação do uso de máscaras em locais fechados, anunciada esta semana por alguns estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Acre.
Segundo a representação sindical, manter o uso de máscara, especialmente em locais fechados, é essencial. Europa e Ásia voltam a preocupar. Ambientes bancários não têm ventilação natural. É irresponsabilidade liberar uso neste momento, principalmente sem qualquer embasamento científico.
Para o cientista Miguel Nicolelis, remover as máscaras e tentar mascarar a verdade, seja sobre o estado real da pandemia no Brasil e no mundo, ou tentar confundir a sociedade com a falsa dicotomia epidemia x endemia é literalmente atentar contra a saúde e o bem-estar de dezenas de milhões de brasileiros. “Este é um vírus para não se ter nunca. Nem de forma assintomática, branda ou leve. Ele pode causar múltiplas complicações crônica graves que reduzem a qualidade de vida para sempre e podem ser fatais”, disse ao lembrar que todo o mundo vai ter que lidar nos próximos anos e décadas com milhões de pessoas sofrendo de consequências graves desta pandemia. “Como ela não acabou, quanto mais pessoas se infectarem pelo descaso das autoridades, mais casos de covid crônica ocorrerão no futuro”, completou.
Nicolelis acredita que todas essas medidas precoces são motivadas por estarmos num ano eleitoral. “Pelo seu bem e pelo bem dos seus familiares e da sociedade como um todo, mantenha o uso das máscaras, evite ao máximo aglomerações, vacine-se e não ceda à tentação de achar que o normal voltou só porque políticos incompetentes e irresponsáveis decretaram. O preço desta rendição incondicional é caro demais: a qualidade da sua vida futura – ou a falta dela – está em jogo. Use máscaras e diga não ao absurdo”, aconselha o cientista.
Para a diretora e secretaria geral do Sindicato dos Bancários de Ribeirão Preto, Nancy Mazzey, “flexibilizar medidas de forma irrestrita colabora para um possível aumento e não nos protege de uma nova onda. O ideal é manter o padrão do início da pandemia, quando era recomendado fortemente o uso de máscaras, higienizar as mãos e evitar as aglomerações” enfatiza a diretora.
O cenário atual é de descida nas curvas de casos e óbitos após o pico da variante Ômicron no Brasil. A Fiocruz alerta, porém, que a redução da incidência após o pico sempre ocorre de forma mais lenta que a subida da curva.