Movimento sindical e sociais chamam para atos contra juros altos
O movimento sindical bancário, junto com as demais centrais sindicais e movimentos populares, deram inicio na sexta-feira (16) a “Jornada de mobilização contra a política monetária do Banco Central”, que segue mantendo a taxa básica de juros em 13,75%, (a nova decisão sobre Selic, saiu na quarta-feira (21), após o fechamento desta edição). Segundo especialistas, a taxa ainda deve ser mantida, para um provável corte na reunião em agosto. Com isso, o Brasil continua com o título de país com a maior taxa real do mundo, o que significa prejuízos à economia, aumento do endividamento da população e empresas investindo menos na expansão e criação de empregos.
Além do lançamento da Jornada de mobilização, com uma grande caminhada em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), as entidades realizaram, assembleias e panfletagens em diversas regiões do país, além de um tuitaço nas redes sociais com as hashtags: #JurosBaixosJá e #ForaCamposNeto.
Trabalhadores, entidades sindicais, empresários, grandes varejistas e até mesmo banqueiros pedem a redução imediata da taxa de juros brasileira (Selic). O percentual, definido pelo Banco Central, é visto como um dos principais entraves para a retomada do desenvolvimento econômico no Brasil. Enquanto isso, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro, mostra-se insensível aos apelos ao ponto de levar parte da sociedade brasileira e pensar em um boicote contra o crescimento do Brasil.
O atual patamar da Selic é a mais alta taxa do mundo, trava a economia e agrava problemas sociais do país.
Embora os mais sérios especialistas em economia demonstrem que o momento e os números da economia brasileira são favoráveis à redução, diante dos índices positivos no cenário econômico – PIB mais alto que o esperado, e inflação, câmbio e juros futuros em baixa, o Banco Central insiste em manter a Selic no maior patamar em 6 anos e meio.
Efeitos perversos Selic elevada
Embora a Selic seja a taxa básica de juros da economia, ela é responsável por influenciar diretamente todas as outras taxas de juros do país, inclusive as do comércio. “Toda vez que os juros sobem, a tendência é de queda da demanda”.
Por isso, um dos fatores que afetam o varejo é a taxa de juros, não apenas a Selic, mas a taxa ao consumidor final”, explica Antônio Corrêa, professor de economia da PUC e ex-presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo ao Portal CNN Brasil.
Recentemente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou uma pesquisa onde revelou que 71% das empresas no Brasil apontam a alta Selic como o principal impeditivo para terem acesso a crédito tanto de curto, como médio e longo prazo. Com crédito mais caro na praça, as empresas deixam de expandir seus negócios, prejudicando a geração de emprego no país.
Em 2022, os gastos do governo federal com o pagamento de juros e amortizações da dívida pública somaram R$ 1,879 trilhão – aumento de R$ 464 bilhões em relação ao ano anterior, segundo levantamento da Auditoria Cidadã da Dívida. “Esse crescimento é explicado principalmente pela elevação acelerada da Selic pelo Banco Central, que alcançou 13,75% desde agosto de 2022, sob falsa justificativa de controlar inflação, provocando forte impacto no custo da dívida pública e em toda a economia do país”, destacou a entidade.
Outra questão é a capacidade de investimento público, que fica muito reduzida com as altas taxas, pois os gastos com os serviços da dívida pública crescem muito. “O Governo Federal está gastando mais de R$ 600 milhões por ano, só com juros. Assim, deixa de investir em rodovias, escolas, saúde e educação, ou seja, onde é necessário para a população e gera emprego e renda. Por isso, nós todos temos que cobrar do presidente do BC, o Campos Neto, que foi colocado lá pelo Bolsonaro, que pare de boicotar o povo brasileiro, e faça a política de geração de emprego e renda”, continua Juvandia.
Trabalhadores no Senado
Em seu discurso, a dirigente também comentou a ida de representantes da classe trabalhadora ao Senado, nesta quarta-feira (21). “Estaremos junto aos parlamentares que criaram a Frente Parlamentar Mista pela Redução dos Juros, cobrando a redução das taxas. Também conversaremos com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para pedir que ele também cobre, com sua autoridade, a redução de juros ou então que exonere o Campos Neto, porque o Senado pode demitir o presidente do BC, caso ele não cumpra sua missão, como está acontecendo. Temos que gritar, sim, ‘fora Campos Neto’, nas ruas, no Congresso Nacional, nas redes sociais, em todos os lugares”, conclui.
Os principais atos
Brasília (DF): em frente ao BC, a partir das 8h30
Belo Horizonte (MG): av. Álvares Cabral, 1.605, Santo Agostinho, às 10h
Curitiba (PR): av. Cândido de Abreu, 344, Centro Cívico, às 11h
Recife (PE): rua do Sol, em frente aos Correios, 15h
Rio de Janeiro (RJ): av. Presidente Vargas, 730, às 11h
Porto Alegre (RS): rua 7 de Setembro, 586, Centro, 11h
São Paulo (SP): av. Paulista, 1.804, Bela Vista, às 10h