O Itaú, no entanto, se negou a suspender as demissões, reafirmando que a decisão seria mantida sob a justificativa de “desvio de conduta” dos funcionários. A COE contestou a versão, lembrando que os empregados não tiveram direito de defesa, não receberam feedbacks e sequer tinham conhecimento sobre o monitoramento a que foram submetidos.
Além disso, a maioria dos demitidos apresentava alta performance, muitos haviam recebido o PRAD (Programa de Reconhecimento e Acompanhamento de Desempenho (uma premiação e um bônus que o banco Itaú Unibanco oferece aos seus funcionários com base no seu alto desempenho e mérito individual) e alguns até haviam sido recentemente promovidos. Para o movimento sindical, os desligamentos “não fazem nenhum sentido”, e o que se conclui é que o banco está, na verdade, promovendo cortes de postos de trabalho e utilizando justificativas inconsistentes para isso.
Segundo os dirigentes, os trabalhadores que permaneceram no banco estão abalados e com medo, diante de um clima de terror instalado na instituição. A situação gerou repercussão nas redes sociais, onde funcionários do Itaú se tornaram alvo de memes após a exposição pública das demissões. Enquanto o banco alega quebra de confiança e falta de ética, parte da imprensa chegou a noticiar o episódio como se fosse queda de produtividade.
A COE também alertou para a necessidade de debater o modelo de monitoramento digital adotado pelo Itaú, que invade a privacidade dos empregados e pode ferir a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “Os trabalhadores estão sofrendo assédio moral digital. Queremos transparência”, afirmou a coordenadora da COE, Valeska Pincovai.
Diante da postura intransigente do banco, o movimento sindical anunciou a realização de um Dia Nacional de Luta, nesta quarta-feira (17), com atividades e protestos em todos os sindicatos contra as demissões e em defesa dos direitos dos trabalhadores.